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Raiva: emoção tabú

Ao longo das Aulas de Acolhimento Emocional a raiva é a emoção mais escolhida pelos pequenos no momento da roda consultório-do-coração.

A raiva surge sempre para eles associada à expressão corporal de "bater no amigo".

Ouvimos bastante: "na minha escola os meus amigos quando estão com raiva batem, sempre aprendi que era assim..."; " se me batem tenho de me defender e bater também.."

Após anos e anos a aprenderem que se deve sentir culpa quando se sente raiva e que a mesma se expressa a bater, é essencial que o processo de desconstrução na cabeça das crianças seja feito de forma gradual, sendo nós o exemplo da gestão que se deve fazer da raiva e da frustração no nosso dia a dia. Somos o espelho no qual as crianças ver e rever para aprender a gerir a amiga raiva.

Na última aula proporcionou-se o "observatório ao vivo e a cores da raiva", quando um dos meninos não gostou que o seu amigo lhe pintasse a camisola e ficou realmente furioso.

Estes momentos, quando impossíveis de ser evitados, são vistos como oportunidades de desenvolver competências socioemocionais nas crianças.

Quando a raiva surge e o conflito já iniciou é importante:

1º A contenção e evitar o contacto direto com o colega.

2° Ajudar a criança a entender o motivo da raiva que está a sentir, tentando perceber se existe mais alguma outra emoção por de trás. Sabendo sempre que por de trás de um comportamento há uma emoção que não está a conseguir gerir.

3°Entra-se em empatia com a criança, mostrando que nós a compreendemos porque também nós sentimos raiva de vez em quando.

4°Dar um exemplo de como nós, adultos, gerimos a raiva sem bater ( "Quando estou zangada preciso do meu tempo, do meu espaço, arranjo forma de colocar aquilo que sinto para fora sem magoar ninguém!")

5 °Conversar e ir acalmando. Deixar a criança verbalizar o que está a sentir...

"Quando as crianças conseguem dar nome a um sentimento específico, a palavra ajuda a conter o sentimento, tornando-o mais concreto e fácil de lidar. A palavra torna-se um ponto de apoio através do qual as crianças podem compreender, olhar para..." - Cátia Teixeira, psicóloga clínica

Ensinar a gerir a raiva, ajuda a que futuramente haja jovens e adultos que resolvam os conflitos a conversar!

A raiva é vista pela sociedade como algo negativo, no entanto, quando gerida de forma adaptativa tem um papel fundamental. Todos nós nascemos com o cérebro repetiliano (o gps de sobrevivência). Muitas vezes, quando as crianças batem ouvimos dizer "aquela criança é má" "aquela criança é mal educada", mas na verdade não está relacionado com educação, devendo-se apenas a fatores neurológicos.

A raiva, quando vista pelo seu lado positivo, cria a energia necessária para ultrapassar uma barreira que surge no nosso caminho. Incentiva-nos a prosseguir objetivos e a provocar mudanças sociais.

"Emoção bloqueada é como um espinho cercado por um muro de pedras." - psiconlinews

in Céu d'afetos, 2017


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